Durante a aplicação do ENEM o que
mais se ouve e se lê nas redes sociais é a indignação dos candidatos sobre a
duração e quantidade de provas do Exame Nacional do Ensino Médio. “ENEM é uma tortura”,
“É impossível fazer todas as questões no tempo dado”, “ ENEM é prova de
resistência”... Na minha opinião, ENEM passa longe de ser uma tortura, pode sim
ser feito no tempo que foi dado e sim, cansa muito!
Há quatro anos quando fiz o ENEM o
sistema era o mesmo, o mesmo tempo, as mesmas quantidades de questões e a mesma
pressão para ir bem. Acho que o que difere é como o aluno encara todo o
conhecimento repassado a ele, como o aluno agarra as oportunidades que o
sistema educacional lhe concede.
Aprendi a ler quando estava no
pré-escolar na Escola Municipal Tancredo Neves e tive a oportunidade de fazer
uma linda peça e decorar textos e mais textos para fazer bonito no dia da
formatura do prezinho.
Lembro-me quando ainda estava no
ensino básico na Escola Estadual Professor José Luiz de Araujo e que éramos
direcionados a pegar livros na biblioteca toda semana e responder algumas
questões referentes ao livro escolhido. O que eu e mais alguns colegas
fazíamos? Líamos, relíamos e fazíamos o que era pedido. Se errássemos teríamos
alguém com quem confiar nossas dúvidas: o professor! Esta época foi decisiva
para que eu criasse o gosto pela leitura, hobbie que eu cultivo até hoje. Nesta
mesma época, os professores nos instigavam a participar de competições de ditado,
poemas e leitura. Lembro que foi a primeira vez que ganhei um prêmio, um poema
sobre água. Quando o professor enfatiza o poder da leitura em nossa vida, não
temos a noção de que o hábito de ler é o principal fator que nos permite ir
além. Por exemplo, fazer todas as questões do ENEM quando se tem hábito de
leitura é mais fácil, pois ao ler praticamos a interpretação. Um texto que você
demoraria 10 minutos para entender seria entendido em cinco minutos, caso você
pratique a interpretação no seu dia a dia.
Na Escola Padre Goulart colhi
inúmeros louros de uma ótima educação básica. Lembro-me das diversas atividades
oferecidas para que os alunos se entusiasmassem. Foi quando surgiram as
Olimpíadas de Matemática, Olimpíadas de Português, DNA (Desafio Nacional
Acadêmico), Soletrando, Feiras de Ciências, Feiras de Matemática, Escolinha de
Vôlei e etc.. Eu e mais diversos colegas agarramos todas as oportunidades com nossas
forças. Participei da segunda fase da Olimpíada de Matemática, representei Rio
Paranaíba nas Olimpíadas de Português, representei nossa cidade no Soletrando e
liderei a 5º melhor equipe de conhecimentos gerais do Desafio Nacional
Acadêmico no estado de Minas Gerais e ficamos entre as 100 melhores equipes do
Brasil. Tudo isso conquistado graças ao apoio de professores que trouxeram
essas iniciativas e nos preparam para isto. Estudar não é tortura.
Na Escola Dr. Adiron Gonçalves
Boaventura foi o local onde a maturidade esteve mais presente, onde tive as
melhores discussões de conhecimento, onde eu fui ouvida e minha ideia pode ser
discutida e apurada. Foi estudando lá que consegui uma bolsa de estudos na UFV
em 2009 e que um ano depois fui agraciada com o Prêmio Arthur Bernardes, uma
vitória dos professores de toda a minha vida e dos meus, na época, futuros
professores universitários. Em 2011 ainda ganhei o prêmio de Contador de
Contos, com um texto que eu mesma havia escrito. Durante o ensino médio, ainda
pude presenciar aulas de computação dados pelos professores e que mesmo depois
de terem dado aulas das suas respectivas matérias, ainda iam distribuir mais
conhecimento. Conciliei duas vidas, estudante do ensino médio e bolsista da UFV
e ainda assim consegui muitos méritos. Estudar não é tortura.
Hoje vejo muitos adolescentes criticando
as suas escolas, professores e matérias nas redes sociais, vejo pais reclamando
do desempenho dos filhos, vejo meus antigos professores desapontados com
algumas atitudes e eu penso “Eu cresci nessas escolas, as professoras que me
deram aula são as mesmas de hoje, o que há de errado então?”. Eu mesma
respondo, os alunos. Ninguém agarra as oportunidades como antes, muitos não têm
gratidão com o esforço do educador, outros não sabem dar bom dia para as tias
da cantina e mais uma boa parte acha que escola é prisão e que aula é tortura.
Quase todos os alunos que formaram
comigo no ensino médio estão quase se formando nas profissões que escolheram,
com o conhecimento adquirido dos mesmos professores que hoje estão nas salas de
aula. Onde todos nós chegamos, qualquer um pode chegar, desde que queira.
Pai, mãe, responsável pela criança
que hoje estuda: O conhecimento que o seu filho precisa está no mesmo lugar de
sempre, o que mudou foi o quanto o seu filho está disposto a procurar! As
crianças e adolescentes de Rio Paranaíba tem á disposição Mestres com grande
capacidade, só não sabem como ou não querem aproveitar-se disso.
Penso que o Educador rio paranaibano
tem um dos maiores pesos possíveis: o de ser ponte para o acesso a uma das
melhores universidades do país que está aqui. Esse peso deve ser dividido com
os pais e responsáveis e com as crianças também. Dos pais precisamos da
educação e o incentivo aos filhos e dos filhos precisamos da força de vontade e
o respeito para com o detentor de conhecimento.
Por fim, tenho a enorme certeza de que onde eu
cheguei é fruto de duas vertentes da educação, a primeira é a educação do
conhecimento, que tive contato através do aprendizado, a segunda vertente da
educação é aquela que me permite ser alguém melhor a cada conhecimento que
adquiro. Agradeço aos Mestres rio paranaibanos e aos meus pais, gente que
ensina que pra ser gente tem que saber pensar!
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